Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

no princípio era o prato

Um pequeno bloco de notas digitais, de avaliações de restaurantes, de viagens, de variadas recomendações e textos aleatórios.

no princípio era o prato

Um pequeno bloco de notas digitais, de avaliações de restaurantes, de viagens, de variadas recomendações e textos aleatórios.

há que seguir os costumes locais

Numa das noites da viagem a Sevilha, alterando os planos à última hora, decidimos fazer um rally tapeiro (ou imaginar um sábado à noite se fossemos sevilhanos). A ideia era simples: escolher 7 ou 8 sítios, ordená-los com base na distância, e comer uma tapa em cada um. Apesar da intensa pesquisa, a realidade foi um pouco diferente, fruto da multidão que encontrávamos em alguns restaurantes e o cansaço acumulado. Assim, visitámos 3 sítios e em cada um comemos 2 tapas. 

Primeiro fomos à Taberna Coloniales. A fila era enorme, mas tivemos sorte e arranjámos logo um pequeno espaço ao balcão (uma noite ambulante de tapas exige pedir ao balcão). O ambiente era de uma correria, entre sentar grupos de amigos nas mesas e gritar pedidos para a cozinha, o chefe de sala serviu-nos salmorejo (uma sopa fria andaluza de tomate , alho, migas de pão), cremosa, suave e saborosa correspondendo ao meu desejo (de fã absoluta das sopas frias espanholas), e tostas de ovo de codorniz com presunto, que escolhemos sem hesitar pelo ovo de codorniz que nos pareceu exótico (apesar de ser bastante comum nos restaurantes da cidade). Funcionou bem como uma espécie de tosta clássica de ovos rotos, com o toque distinto da codorniz.  

A seguir fomos para a zona da praça de touros e entrámos (inicialmente só para ir à casa de banho, tal era a quantidade de gente) no Bodeguita Antonio Romero Origen. Além da fama, o restaurante gozava também do proveito de ser, claramente, um sítio de paragem quando terminada a corrida de touros na Maestranza. Inicialmente pensámos desistir, mas depois não resistimos ao barulho (sim claro, espanhóis) e ao ambiente. Conseguimos uma pequena mesa (já que o restaurante não serve se o cliente não tiver lugar à mesa ou ao balcão) e pedimos imediata e rapidamente (para “ganhar” a pequena guerra territorial entre nós e outro pequeno grupo por uma mesa). A escolha foi simples: um prato de presunto, uma tábua de queijo, uma cerveja e um copo de vinho branco. Produtos bons, serviço simpático, restaurante clássico. Às vezes, o básico enche as medidas sem precisar de impressionar. 

Para terminar a noite, já cansados, mas ainda com alguma gula, fomos ao Lobo López, restaurante da moda de Sevilha pelo qual já tínhamos passado, sem entrar. Chegámos tarde e sentámo-nos ao balcão, apesar de nos ter sido oferecida uma mesa (o conceito é o conceito). Sem querer o pedido foi temático. Pedimos uma espécie de salada russa de frango com molho de caril de manga e asas de frango salteadas no wok com pimenta rocoto. Sendo particularmente sensível ao picante, fiquei-me pela salada. Fresca, suave, rica em sabor e com o toque do caril fez-me quase querer recriar a receita em casa (pensamento que me ocorre de vez em quando e que na maioria das vezes é completamente inconsequente). Dizem-me que as asas de frango estavam também bastante saborosas e surpreenderam, especialmente pelo tempero e apresentação muito diferente do habitual. Pela qualidade da comida que provei, o ambiente, a decoração e a leitura do menu fiquei com vontade de querer voltar a este sítio, sem ser em percurso ambulante. 

O rally ficou feito, e bem feito. Os espanhóis sabem aproveitar um domingo à noite (ou qualquer outro dia na realidade).

Mapa