numa marina badalada, um restaurante chinês imperdível
Não sou muito rotineira, mas há tradições que aprecio. Uma delas ocorre uma vez por ano (e assim espero que se mantenha), na altura do verão, na deslocação para uns dias de sol, banhos e descanso no Algarve. Num dos dias lá vamos nós até Vilamoura, mais concretamente à Marina, e jantamos/almoçamos num restaurante chinês que lá existe há muitos anos chamado Zu Yi.
A tradição não passa apenas pela deslocação ao restaurante, mas também pelas escolhas gastronómicas. Raramente inovamos, raramente há indecisões, raramente nos apetece comer outra coisa, mas de vez em quando lá inserimos novos pratos no pedido. Enumero o pedido, indicando, para efeitos de perspetiva, que o grupo à mesa é superior, normalmente, a 2 pessoas. O pedido normal inclui crepes chineses, pato à Peking, porco agridoce, galinha com limão, massa frita especial (com gambas, galinha e vaca), arroz Xáu-Xáu e, desta vez, carne de vaca com molho de ostra. A acompanhar pedimos refrigerantes e cervejas, incluindo a conhecida cerveja chinesa Tsingtao.
A ideia é como se de tapas se tratasse: provar de tudo, misturar coisas diferentes no prato e discutir, até à exaustão, qual é a melhor escolha da mesa. Vários foram os apoiantes do pato à Peking, advogando pelas textura das panquecas, o crocante dos legumes, a densidão do molho e a excelência do pato, e da respetiva cozedura. Outros não conseguem sair da defesa do porco agridoce (acompanhado com o arroz típico), fãs da mistura de sabores, da harmonia entre o doce e salgado e da combinação de texturas. Eu, por exemplo, sou adepta da massa salteada, em qualquer restaurante de comida chinesa e em especial neste. Deliro com o molho que acompanha os noodles, a mistura de uma massa de trigo e ovo com os legumes, que lhe dão um toque crocante (e muito necessário) e, neste caso específico, acho harmonioso a forma como combinam três proteínas tao diferentes (e.g. camarão, vaca e galinha). Finalmente, apesar de sobre estes não serem constituídas equipas, os restantes pratos na mesa não desagradaram, de todo, mas toda a gente sabe que num grupo nem todos podem ser estrelas. Ao mesmo tempo que decorria a discussão e terminávamos o deleite, e porventura a coisa menos boa desta avaliação, notamos alguma (e excessiva) pressa do serviço em limpar a mesa a avançar para o fim da refeição, o que contrastava com o ritmo dos comensais.
No final, e antes da conta, terminada a discussão e de ânimos já mais leves (e estômagos mais cheios), chegam à mesa os habituais panos molhados e quentes para refrescar e lavar as mãos, tratamento que no meu grupo estendemos a mais partes dos braços e da cara, resultando em figuras ridículas e gargalhadas estridentes. Em termos de preço, e por algo voltamos a este local todos os anos, compensa, tendo em conta a qualidade dos produtos servidos e as opções que encontramos num dos sítios mais badalados do Algarve. Vale sempre a pena voltar onde se é sempre feliz.