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no princípio era o prato

Um pequeno bloco de notas digitais, de avaliações de restaurantes, de viagens, de variadas recomendações e textos aleatórios.

no princípio era o prato

Um pequeno bloco de notas digitais, de avaliações de restaurantes, de viagens, de variadas recomendações e textos aleatórios.

o curioso às vezes impressiona

Mesmo antes de sair de Sevilha fomos almoçar à Antigua Abaceria de San Lorenzo, uma recomendação de expats que tinham vivido nesta cidade. 

A localização era curiosa, no centro da cidade, mas fora do roteiro turístico habitual. Fomos os primeiros a chegar, dada a estopada rodoviária que nos esperava naquela tarde, e fomos sentados perto da cozinha, que estava ainda em preparação do horário de refeição. À nossa volta a decoração era excêntrica, sem ser em demasia, com muitos estilos e detalhes pertencentes a épocas muito diferentes. No momento em que nos entregaram o menu eu não sabia o que pensar, mas tendo em conta o valor da recomendação e a máxima pessoal que implica que um restaurante só me impressiona/desilude verdadeiramente com o que me apresenta no prato e no copo, foi nessa escolha que me foquei. 

A decisão era difícil e a oferta vasta, também fruto do menu específico (alusivo à feria) que terminava naquele dia. Para beber escolhi um vinho tinto da região, muito bem recomendado pela pessoa que nos atendeu (de uma simpatia extraordinária, ela e todos os funcionários/trabalhadores daquele estabelecimento por sinal). 

Correspondendo ao ecletismo do restaurante inovámos. Uma saladinha de tomate com cavala e uma tosta de lombo gratinado com queijo e orégãos para abrir o apetite. Apetite aberto, a refeição entrou na fase mais intensa (e tensa) Os dois pratos que se seguiram estavam tão bons que conduziram a uma discussão à mesa sobre qual seria o melhor. Do meu lado defendi, com unhas e dentes, os “huevos de rámon” (uma espécie de ovos rotos meets pulpo a la gallega, já que além do ovo estrelado encontramos batatas cozinhas e um tempo com azeite e pimentão doce, mistura curiosa que funciona na perfeição). A outra “equipa” babou-se com o caneloni de carne de touro (específico na altura da feria), pelo sabor e textura diferente da carne e pela confecção no ponto da massa e do bechamel  e queijo que as acompanhavam. 

No final da refeição, já com casa cheia, entre famílias e grupos de amigos - um ambiente que convidava a almoço de amigos em dia de trabalho - o raciocínio manteve-se, a recomendação não desiludiu, e o restaurante impressionou com o que trouxe no copo e nos pratos.